A comissária da União Africana Josefa Sacko reforçou, ontem, em Tânger, Marrocos, a relevância da saúde dos oceanos para a estabilidade climática global, a preservação da biodiversidade, a segurança alimentar e o futuro da humanidade.
A diplomata angolana, que participou na reunião preparatória da 3ª Conferência das Nações Unidas sobre os Oceanos (UNOC-3), que vai decorrer em Nice, França, disse que a Agenda 2063 reconhece o papel dos oceanos como um catalisador para a transformação de África.
O reconhecimento fundamenta-se na riqueza dos oceanos, mares, rios e lagos, bem como na conexão proporcionada para o comércio e a comunicação entre a África e o resto do mundo.
A biodiversidade e as reservas de petróleo, gás e outros minerais são algumas das principais riquezas.
“África deve ter um papel de liderança na economia dos oceanos. Devemos afastar-nos das importações líquidas e sermos os receptores de tecnologia, a fim de desenvolvermos uma economia azul/oceânica com elevados rendimentos, o que beneficiará não somente o nosso povo, mas também o mundo”, disse.
Josefa Sacko destacou que o continente não deseja ser apenas um observador na discussão global sobre questões relacionadas com os oceanos, mas um actor central, uma vez que o tema é bastante relevante.
O continente tem mais de 38 países costeiros, seis insulares e abriga alguns dos ecossistemas marinhos e de água doce mais críticos do mundo, como os oceanos Atlântico, Índico e Austral, bem como os mares Vermelho e Mediterrâneo.
Contudo, a sobrepesca, a poluição, a degradação dos solos, a destruição dos habitats e os efeitos previsíveis e iminentes das alterações climáticas ameaça gravemente os mares de África.
“Nos preparamos para a UNOC-3, devemos apresentar uma frente única para enfrentar esses desafios, defendendo soluções justas e sustentáveis que reflictam as nossas necessidades e aspirações regionais únicas”, disse.
Em relação à UNOC-3, sob o tema “Acelerar a acção e mobilizar todos os actores para preservar e usar de forma sustentável o oceano”, destacou-se que a agenda de desenvolvimento de África, que está encapsulada na Agenda 2063 e na Estratégia Africana para a Economia Azul, deve continuar a ser crucial para esses esforços.
A diplomata salientou que a Comissão da União Africana, em conjunto com os Estados-membros, defende como principais prioridades o reforço das parcerias regionais e internacionais, a cooperação e a coordenação, o desenvolvimento da capacidade africana em matéria de ciência, tecnologia e inovação, a promoção de uma governança inclusiva dos oceanos e da economia azul.
A estratégia africana em relação aos oceanos visa assegurar um mecanismo de desenvolvimento e implementação de projectos de investimento financeiro para os oceanos, o financiamento azul, para lidar com desafios ambientais, como a poluição marinha e as alterações climáticas, entre outros, e promover uma pesca e uma aquicultura sustentáveis, por meio de centros de excelência no campo das pescas e da aquicultura.