O Presidente da União Africana, João Lourenço, foi terça-feira informado, em Luanda, sobre a situação de paz e segurança vigente no continente berço.
A informação consta do relatório que o presidente da Comissão da União Africana (CUA), Mahmoud Ali Youssouf, apresentou ao também Chefe de Estado angolano, durante uma audiência na Cidade Alta.
O djiboutiano, que se deslocou à capital angolana para participar na 17ª edição da Cimeira de Negócios EUA-África, disse ter aproveitado a ocasião para enaltecer os esforços empreendidos pelo Presidente João Lourenço para a busca da paz no Sahel e no Sudão.
Em declarações à imprensa, Mahmoud Youssouf disse que João Lourenço tem uma visão clara da sua presidência da União Africana, com respeito às questões relativas ao continente africano.
Outro tema que dominou esta audiência foi a Conferência sobre Financiamento de Infra-estruturas em África, que o país vai acolher em Outubro deste ano. O presidente da CUA sublinhou que a questão da construção de infra-estruturas necessita de vários biliões de dólares.
Côte d’Ivoire
A cooperação entre Angola e a Côte d’Ivoire foi um dos temas de destaque de outra audiência que o Presidente João Lourenço concedeu, igualmente, ontem, ao Primeiro-Ministro da Côte d’Ivoire, Robert Beugré Mambé.
Os dois países, recordou Robert Beugré Mambé à imprensa, assinaram vários acordos com vista à dinamização da cooperação bilateral.
“E a Comissão Mista Bilateral já está a trabalhar. Já tiveram a sua primeira reunião e isso leva-nos a ter, de facto, um anseio muito grande de que essa cooperação poderá ter uma linha diferente a partir de agora", vaticinou o chefe do Governo da Côte d’Ivoire.
Outras audiências
O Chefe de Estado angolano recebeu, ainda ontem, em audiência, o Primeiro-Ministro da República do Burundi, Gervais Ndirakobuca, o ministro das Infra-Estruturas e Desenvolvimento Urbano da Republica da Zâmbia, Charles Milupi, e o presidente do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), Akinwumi Adesina.
O Banco Africano de Desenvolvimento é uma instituição financeira regional que visa promover o desenvolvimento económico e o progresso social em África.
O BAD é uma organização intergovernamental composta por 53 países africanos membros e 25 países não-africanos, que actuam como países doadores.
O objectivo principal do Banco Africano de Desenvolvimento é reduzir a pobreza no continente, através de investimentos em diversas áreas, como Infra-estrutura, Agricultura, Saúde, Educação e desenvolvimento do sector privado.
Implementação da Zona de Comércio Livre abordada em audiência
O ponto de situação sobre a implementação do acordo que institui a Zona de Comércio Livre Continental Africana (ZCLCA) dominou a audiência que o Presidente da República, João Lourenço, concedeu, ontem, no Palácio da Cidade Alta, ao secretário-geral daquele projecto africano.
Em declarações à imprensa, no final do encontro, Wamkele Mene disse ter apresentado ao Estadista angolano, na qualidade de Presidente da União Africana (UA), os resultados do último Conselho de Ministros da Zona de Comércio Livre Continental Africana, que discutiu a questão do Acordo de Crescimento e Oportunidades para África (AGOA).
O instrumento em causa, promulgado em Maio de 2000 e estendido até 2025, é uma lei comercial dos Estados Unidos que visa facilitar o acesso ao mercado americano para produtos de países da África Subsaariana.
De nacionalidade sul-africana, Wamkele Mene referiu que da reunião saíram recomendações para a apreciação dos Chefes de Estado e de Governo do continente. “Apresentamos essas recomendações, de modo que o Presidente da República, como Presidente da União Africana, possa reflectir sobre as mesmas e ver como deverá considerá-las durante a próxima Cimeira dos Chefes de Estado”, ressaltou o responsável, que disse ter ainda abordado com o Chefe de Estado outros temas ligados à geopolítica e à economia.
No que diz respeito ao estado actual da implementação da Zona de Comércio Livre Continental Africana, Wamkele Mene disse estarem em curso acções para a efectiva integração económica a nível do continente.
A título de exemplo, falou do Sistema Pan-africano de Pagamento e Liquidação, que consiste num meio que permite o sector privado fazer transacções nas moedas locais.
“Como sabem, existem no continente africano 42 moedas e não é fácil transaccionar sem ter a convertibilidade em moedas terceiras. Então, esse sistema que já foi desenvolvido e que já está operacional é um dos programas que já foi implementado para efectivar a integração”, esclareceu.
O sul-africano fez, igualmente, menção ao Fundo de Ajustamento, que tem como objectivo apoiar todos os países a transaccionar no âmbito da Zona de Comércio Livre Continental Africana. “O Fundo de Ajustamento foi desenvolvido para apoiar aqueles países que não têm um nível muito avançado de desenvolvimento para poderem implementar a Zona de Comércio Livre Continental Africana a seu nível”, precisou.
O secretário-geral da ZCLCA mencionou, também, o Fundo de Financiamento ao Comércio para as Pequenas e Médias Empresas. Este instrumento, esclareceu o responsável, visa alcançar os mercados, a fim de se conseguir financiamento a nível de bancos.