O Produto Interno Bruto (PIB) de Angola deverá registar um considerável crescimento nos próximos cinco anos, em função da operacionalização do Corredor do Lobito, no contexto da consolidação da Zona de Comércio Livre Continental Africana (ZCLCA) e das trocas comerciais entre as diferentes regiões.
A perspectiva foi avançada ao Jornal de Angola pelo gestor logístico e especialista em cadeia de abastecimento Xavier Culandi, ao enaltecer a visão do Executivo angolano em materializar um dos maiores projectos desde que Angola conquistou a Independência há quase 50 anos.
Xavier Culandi sublinhou o facto de o Corredor do Lobito atravessar o país precisamente pela região que divide o país entre a parte Norte e Sul, desde o Oceano Atlântico, ou seja, com início em Benguela, passando pelas províncias do Huambo, Bié e Moxico-Leste, o que permite a construção de ramais para outras províncias, como Malanje, Cuanza-Norte, Lunda-Sul, Cuando e Cubango, assim como a construção de zonas francas e centros logísticos de alta performance.
Xavier Culandi frisou que a República Democrática do Congo e a Zâmbia são os potenciais beneficiários da funcionalidade do importante activo da economia angolana, tendo em conta a facilidade que terão de exportar as suas matérias -primas para o Ocidente, com destaque para o cobalto e o cobre, mas deixou subjacente a importância das receitas tributárias que Angola deverá acumular pela utilização da via.
O especialista enfatizou o facto de Angola ter um potencial extraordinário em rochas ornamentais, sem perder de vista a ocorrência de outros minerais de grande valor comercial, cuja procura no mercado internacional está a crescer consideravelmente, em função da transição energética, o que configura um “indicador plausível” para a arrecadação de receitas expressivas.
Matérias-primas
“As rochas ornamentais e outros minerais, como o cobalto e o cobre, provenientes da RDC, da Zâmbia e o da região Leste do nosso país, onde estão em curso vários projectos de prospecção, representam as matérias de maior vulto, mas o Corredor do Lobito também vai alavancar o agro-negócio, a indústria e o sector de serviços”, ressaltou.
Para Xavier Culandi, o desenvolvimento económico ao longo da cadeia nas regiões assentará na eficiência operacional, redução de custos e outros benefícios que irão atrair os importadores e exportadores de várias regiões, tornando Angola num importante “hub”, com dividendos permanentes.
“É necessário enfatizar a estratégia do Executivo, porque o Corredor do Lobito acaba por ser um chamariz, ou seja, a ‘menina dos olhos azuis’, tendo em conta o potencial que este activo tem para melhorar a vida das comunidades locais, com a criação de um ecossistema de empresas e serviços que resultará em milhares de empregos para a juventude”, observou.
O responsável enfatizou que os Estados Unidos atribuem a devida importância ao Corredor do Lobito, razão pela qual decidiram apoiar a materialização deste grande projecto, independentemente da liderança política.
“Os Estados Unidos é um país com uma agenda própria e certamente que tem noção dos ganhos que a sua economia terá com a plena operacionalização do Corredor do Lobito”, afirmou.