O Presidente João Lourenço destacou, domingo, em Malabo, Guiné Equatorial, a importância da integração económica regional para a prosperidade dos Estados africanos.
“A integração regional é um investimento estratégico na estabilidade, soberania e prosperidade colectiva dos nossos Estados”, afirmou o Chefe de Estado angolano, ao discursar na qualidade de Presidente da União Africana (UA) na 7.ª Reunião de Coordenação Semestral entre a UA e as Comunidades Económicas e os Mecanismos Regionais da organização continental.
O Chefe de Estado angolano considerou ainda que, mais do que um ideal político, económico e social, a integração regional em África é, sobretudo, um dos vectores essenciais para a transformação das grandes ambições da Agenda 2063 em progressos concretos e uma “necessidade profundamente estratégica” para o continente africano, marcado por fronteiras herdadas da era colonial, que muitas vezes ignoraram as realidades culturais, sociais e económicas dos povos africanos.
África, disse, é uma vez mais chamada a unir-se para enfrentar os desafios existentes e, através de uma posição comum e com o apoio dos seus diferentes parceiros, dar as respostas estruturais que se impõem.
Para o Presidente da UA, a integração regional não deve ser apenas uma tarefa dos governos. “As populações africanas, especialmente os jovens, a sociedade civil, as empresas e os académicos, devem ser parte activa neste processo, de modo que se traduza em mais oportunidades de emprego, maior acesso a mercados, mobilidade para estudar e trabalhar e mais resiliência frente aos choques externos”, defendeu.
João Lourenço disse estar convencido de que, ao realizar-se a 7.ª edição da Reunião Semestral de Co- ordenação, a organização continental vai ter a oportunidade de fazer “avanços significativos”, através de discussões estruturadas, nos processos ligados à avaliação dos progressos realizados, à identificação de eventuais bloqueios e à definição de roteiros destinados a reforçar a integração.
Num mundo cada vez mais multipolar e competitivo, em que grandes blocos regionais ganham peso nas decisões globais, João Lourenço considerou que “a África não pode continuar a falar com vozes dispersas, nem negociar com interesses fragmentados”. Defendeu que essa necessidade de unidade na defesa dos interesses do continente deve ser já demonstrada na Cimeira União Europeia-África, a realizar-se no fim do mês de Novembro, em Luanda.
“O momento exige vontade política reforçada, compromissos vinculativos e, acima de tudo, resultados tangíveis para os nossos cidadãos”, exortou.
Para o líder da UA, “é tempo de acelerar a implementação dos protocolos regionais, de confiar nas capacidades do continente e fomentar a produção africana para o consumo africano, de transformar os corredores de integração em verdadeiras artérias de desenvolvimento e de paz, de fazer da juventude africana, com a sua criatividade e energia, o motor da nossa integração”.
João Lourenço disse esperar que as deliberações saídas da Reunião de Malabo permitam dar um passo adiante rumo à implementação das agendas comuns a nível continental e regional, com vista a aproximar cada vez mais os povos africanos da promessa de um continente pacífico, próspero e integrado.
Na sessão de abertura da reunião decorrida no Centro de Conferências de Sipopo, arredores do centro da cidade de Malabo, intervieram o Chefe de Estado anfitrião e Presidente da Comunidade Económica dos Estados da África Central (CEEAC), Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, a Primeira-Dama da República da Guiné Equatorial, Constancia Mangue de Obiang, e o presidente da Comissão da União Africana, Mahamoud Ali Youssouf.
Nova Iorque acolhe em Setembro Conferência para a Paz em África
A União Africana, em coordenação com o Governo de Angola, realiza, no próximo mês de Setembro, em Nova Iorque, à margem da 80.ª Assembleia Geral das Nações Unidas, uma reunião de Chefes de Estado e de Governo do continente para a execução de uma ampla conferência para analisar os conflitos em África, anunciou, ontem, em Malabo, o Presidente da organização continental.
João Lourenço, que discursava na abertura da 7.ª Reunião de Coordenação Semestral entre a União Africana e as Comunidades Económicas e Mecanismos Regionais, esclareceu que o encontro deverá centrar-se na questão da paz como um bem obrigatório e indeclinável para os povos do continente.
“É importante que, durante a Conferência, possamos juntos analisar, com a profundidade que se requer, as causas enraizadas dos nossos conflitos, para que, de forma coordenada e corajosa, encontremos as respostas que necessitamos para pôr um fim definitivo a cada um deles”, exortou.
Apesar dos avanços registados e aplaudidos por todos com vista à interligação dos Estados-membros da União Africana, o Presidente João Lourenço reconheceu que “ainda há um longo caminho a percorrer”.
“Persistem desafios estruturais, institucionais e políticos que dificultam a plena realização da nossa ambição continental, em que me permito destacar questões cruciais como a baixa industrialização e fraca diversificação das nossas economias, a insuficiente harmonização de políticas comerciais, fiscais, sanitárias e alfandegárias, desincentivando os operadores económicos, podendo mesmo criar tensões políticas, conflitos armados e instabilidade institucional, que comprometem a paz necessária para qualquer processo de integração eficaz”, disse.
A resolução das questões de paz e segurança e a criação de infra-estruturas seguras e resilientes constituem, no entender do Presidente João Lourenço, um motor essencial do desenvolvimento sustentável em África.
Fonte: Jornal de Angola.